矢澤達宏
アフリカ研究 2000(56) 1-19 2000年3月31日 査読有り
O negro brasileiro nunca esteve, na primeira metade do século XX, no palco do movimento pan-africanista, que envolveu negros dos Estados Unidos a do Caribe britânico a francês, apesar de que o Brasil teivesse uma população afro-descendente muito grande e uma rica herança africana na sua sociedade. Por que? Será que o "isolamento" do negro brasileiro teria impedido a sua participação no movimento panafricanista, não obstante a sua predisposição africanista, ou faltava-lhe uma orientação africanista? Este trabalho é uma tentativa de avaliar a consciência africana ou a africanidade dos militantes negros brasileiros da primeira metade deste século, através da análise de artigos da imprensa negra da eépoca.<br>Para a imprensa negra cujo alvo era a elevação da posição do negro brasileiro e o melhoramento da sua situação, a referência ao exterior-assuntos sobre a África e a diáspora africana fora do país nela mencionados-não era rara de modo algum. Por um lado, a imprensa aponta negros valorizados pelo padrão do mundo ocidental com desejo de refutar a idéia da dita "inferioridade" da raça negra e, sobretudo, eliminar o complexo de inferioridade dos negros; por outro, ela denuncia a discriminação persistente e a perseguição brutal particularmente nos Estados Unidos, para protestar contra a sociedade branca e conscientizar os negros brasileiros do problema. Face ao movimento pan-africanista, porém, a postura dos redatores não era explícita, uma vez que a maioria dos artigos deste assunto ou era mera transcrição de publicações estrangeiras ou era reportagem de carater objetivo, a para com o separatismo, advogado por Marcus Garvey, exprimiram até a franca oposição. É razoável julgar que a imprensa se referiu ao movimento pan-africanista não em conseqüência da firme adesão à sua orientação mas simplesmente com a intenção de conscientizar os negros brasileiros. O tom moderado de denúncias ao colonialismo europeu na África também confirma isso.<br>Assim, apesar de que a lideranca negra brasileira estivesse bastante consciente das idéias do pan-africanismo no exterior, optou por não aderir declaradamente à causa. Poder-se-ia concluir que era realmente fraca a orientação africanista no movimento negro brasileiro da época.